A Vida e a Morte Diante de Todos: reflexão bíblica e alento pastoral
Admilson Araujo Leite
Geralmente o que se ouve das pessoas, especialmente das mais vividas, é: “A pessoa (ou a gente) só morre no dia certo”. Porém seria isso uma verdade? Todos realmente morrem no dia certo? Ou somente alguns morrem no seu tempo determinado? Vejamos o que a Palavra de Deus diz a respeito desse pensamento que permeia basicamente na mentalidade de todo ser humano.
“Hoje lhes dei a escolha entre a vida e a morte, entre bênçãos e maldiçoes. Agora, chamo os céus e a terra como testemunhas da escolha que fizerem. Escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam”. Façam isso amando, obedecendo e apegando-se fielmente ao SENHOR (YAHWEH), pois Ele é a sua vida! Se vocês o amarem e lhe obedecerem, ele lhes dará vida longa na terra que o SENHOR jurou dar a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó” (Dt 30,19). NVT.
Todo ser humano ao nascer, a partir desse momento se inicia a luta pela vida, a tentativa contínua de prolongar sua existência neste mundo evitando e combatendo contra a morte. Mas nessa batalha já existe uma vitória predeterminada; que no seu tempo, há de se revelar triunfante e, irreversível. Segundo a especialista do tema “Educação para a Morte”, Drª. M. Julia Kovács, a morte está explicitamente ligada à vida (Kovács, 2003).
A insensatez mais sábia!
No entanto, há uma insensatez da qual os que servem a Deus em fidelidade jamais deverão abrir mão! Àquela dos três homens judeus lançados na fornalha aquecida sete vezes mais, e que saíram de lá sem ao menos cheirar fumaça, seus nomes: Hananyah (Sadraque), Myshael (Mesaque), e Azaryah (Abede-Nego) (Dn 1,7; cp. 3, 16-18). Como também, a exemplo dos mártires discípulos de Yeshua, começando pelos apóstolos (Jo 5,29), quando sua fidelidade ao Deus Rei da Glória está em jogo, sendo proibida de exercê-la, aí sim, a “insensatez” aos olhos humanos deve então entrar em cena. Um exemplo excelente foi o apóstolo Shaul (Paulo) testemunhando isso, ocorrendo em todo o seu ministério, incluindo sua morte. Quanto a isto diz: “... Se algum de vocês pensa que é sábio conforme os padrões desta era, deve tornar-se louco, a fim de ser verdadeiramente sábio” (1Cor 4,9-13).
E se tratando desta loucura em fazer a vontade do Eterno Deus, nenhum mal sucederá à esta pessoa sem ser da vontade ou permissão dEle, para cumprir seus propósitos. A sabedoria do Santo diz que na vida dos crentes e fieis a Deus “... Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito” (Rm 8,28).
Há uma promessa de bênçãos e vida longa na terra para todos os que são obedientes a Deus, aos Seus Mandamentos. Ao contrário disso, para os que não se detêm nas Palavras de Deus, estarão à própria sorte que lhes resta: maldições e morte repentina. Deus disse: “{...} se você comer desse fruto, com certeza morrerá” (Gn 2,17). NVT. E o resultado todos já sabem: Eva e Adão comeram do fruto (Gn 3,1-19).
Por que alguém pode morrer antes do dia?
No senso comum de grande maioria, talvez em busca de conforto, existe a crença de que as pessoas só morrem quando chega o seu dia certo, a hora marcada. Mas isso é verdade quando essa pessoa teme a Deus e guarda os Seus Mandamentos, como está citado no texto bíblico acima. A Palavra é bem clara: quem não obedece a Deus, morre antes do tempo que Deus havia planejado. Isto não significa que os planos de Deus se frustram, mas significa que Ele deu essa liberdade para o ser humano escolher viver o plano dEle ou não. Vejamos:
A morte chega para todos de duas formas: 1) No dia exato da pessoa, dia e hora preestabelecido por Deus, sendo esta, temente e obediente a Deus; 2) quando a insensatez vai na frente da pessoa, vivendo sua liberdade irresponsavelmente em suas atitudes, desobediente às leis de Deus, as leis naturais e as que são organizadas visando à ordem social, o bem-estar e segurança da sociedade civilizada.
A graça de Deus no Mashiah Yeshua (Cristo Jesus), não nos dá o direito de viver irresponsavelmente diante de Deus e da sociedade. As leis de conduta moral e ética, jamais foram anuladas pelo sacrifício na cruz. Yeshua trouxe-nos a Revelação de Elohim nosso Pai e Sua Graça Salvadora, a justificação por meio da fé nele. Trazendo assim, o perdão aos filhos de Adam (Adão), pois por causa deste, entrou o pecado no mundo (Rm 5,18). Podendo agora ser salvo, todo aquele que ouvir Sua Palavra e se converter de seus pecados (Jo 3,16). Yeshua disse: “Enfim, chegou o tempo prometido!” Dizendo: “Arrependei-vos! E creiam nas boas novas” (Mr 1,15).
Yeshua é o único mediador perfeito enviado pelo Pai Elohim para conduzir e reconciliar a humanidade entre si e com o Criador (Ef 2,11-18; 1Tm 2,5-6). Desta forma podemos compreender que a obra de Yeshua o Mashiah, não anula a nossa responsabilidade de viver e agirmos com prudência diante dos perigos que nos cercam. E isto se refere tanto ao pecado que contamina a alma, como também os conflitos e restrições sociais, leis e códigos Civil.
A lei do Espírito de vida no Mashiah Yeshua (Rm 8,2) nos dá a liberdade; mas essa liberdade é racional, responsável, moral e ética. Sua base se fundamenta na justiça e verdade e, portanto, no amor ao próximo. A clareza disto está no verso: “Tudo é permitido, mas nem tudo convêm. Tudo é permitido, mas nem tudo traz benefícios” {mas nem tudo edifica} (1Cor 10,23). NVT.
Shelomoh (Salomão: que significa inteiro, pleno,completo) foi o sábio de todos os tempos que teve a percepção e descreveu com muita ênfase sobre esse fenômeno morte e como o mesmo acontece de forma precoce e súbita aos homens. Ele como perito em análise, percebeu que, há pessoas que morrem sim, antes do tempo que deveria. Isso é claro, com fundamentos na própria Torah (Lei, Instrução de YAHWEH, Deus), nas bênçãos e maldições, vida e morte proclamadas pelo próprio Deus (Dt 28: cp. 30,19).
A afirmação dessa verdade por Shelomoh está em Provérbios e Eclesiastes. Ele faz várias afirmações, mas citarei apenas algumas referências de como o indivíduo colabora para abreviar seus dias na terra: sobre o adultério e prostituição (Pv 2,18: 5,25: 7,27). Os que rejeitam a voz da sabedoria e a repreensão (Pv 1,7-33: 8,36). Sobre a conduta justa (Pv 10,2: 11,4). (“Há caminhos que a pessoa considera corretos, mas acabam levando à estrada da morte” (Pv 16,24). O perigo de falar o que não convém gerando até mesmo a própria morte (Pv 18,21).
Shelomoh compreendeu a fatalidade da morte de igual modo inevitável, tanto para o justo como para o ímpio; mas, enfatiza que a insensatez do ímpio o faz morrer antes do tempo. Ele alerta para que a pessoa evite o extremo de ambos; não ser perverso, mas também não ser fundamentalista, ou seja, uma pessoa justa aos seus próprios olhos, que se acha mais justa e mais santa que todas as pessoas. (Pv 26,12 e Ecl 7,15-18). Reflita: “O sábio é cauteloso e evita o perigo; o tolo confia demais em si mesmo e se precipita. {...}. Quem teme ao SENHOR estará seguro; ele é refúgio para seus filhos” (Pv 14,16,26).
Vida e morte na ciência
O que a Ciência humana diz sobre a vida? O que mais temos atualmente e, que cada vez mais se multiplica, é informações de profissionais da área da saúde, recomendando os devidos cuidados importantes que se deve ter desde a alimentação à higienização e o cuidado especial com às emoções, com o psicológico. Para que assim, possa evitar danos à saúde, causando desordem no sistema imunológico, ocasionando doenças que diminua a qualidade de vida ou que levará a morte precoce e súbita. Ou seja, o simples fato do indivíduo não se cuidar como se deve de sua vida pessoal, já elimina dias de sua vida que poderiam ser vividos intensamente, se houvesse tais cuidados antecipados. Que se dirá então de outros cuidados importantes na vida e com a vida? Relacionados aos Mandamentos do Criador e as Leis estabelecidas na terra para manter o equilíbrio das sociedades?
A vida do homem antes e depois do Dilúvio
Contudo isso, esses cuidados necessários com a saúde que possibilita a longevidade, e também as promessas de Elohim nosso Criador, que nos garante bênçãos e vida longa, a própria Escritura diz que o Eterno Elohim determinou séculos depois da existência humana, a diminuição dos anos de vida, para em média 120 anos, em razão de sua corrompida natureza que se tornou má, por sua dureza de coração e inclinação a desobediência a Deus, praticando a maldade contra seu semelhante, que também, primeiramente é a semelhança do Criador (Gn 1,26: cp. 6,3). Sendo que a princípio, o ser humano vivia quase um milênio! Matusalém foi quem viveu mais que todos, 969 anos (Gn 5,27). Noach (Noé) o justo, foi o último homem que ainda viveu por quase um milênio, 950 anos (Gn 9,29). Depois dele só foi diminuindo o tempo de vida, até que apenas os que possuem muita saúde e força, consiga chegar aos setenta ou oitenta anos, e com muita “dor e canseira” como diz o Salmo (Sl 90,7-10).
Vida temporária e a eterna
Em razão da desobediência do ser humano, o Eterno Deus abreviou a longevidade do homem. Mas a vontade do Pai é, que sua Criação tenha “vida e vida em abundância”. E para que isso fosse possível, Ele planejou e enviou Seu Filho amado, Yeshua o Mashiah; para que agora por intermédio dele, tenhamos não somente uma vida de paz na alma, nesta terra, mas também nele, temos a promessa de uma vida plena e eterna! “Não há condenação alguma para quem crê nele. Mas quem não crê nele já está condenado por não crê no Filho único de Deus” (Jo 3,16-18: 10,9,10,27,28; Rm 8,1-2).
Shelomoh está certo em dizer que, o que sucede ao Ímpio acontece também ao justo, e que tem ímpio que vive até mais que um justo. Porém, há exceções; considerando, porém, que toda exceção à regra tem sua razão de ser, um propósito do Criador. No entanto, a promessa de vida longa e abençoada na terra, é para o justo temente e obediente a Elohim, cuja confiança está exclusivamente nEle.
Conclusão
Desde o Éden, o ser humano recebeu do Criador, a liberdade para escolher entre a vida e a morte; e infelizmente até agora a maioria tem repetido a mesma atitude dos pais Adam e Havah (Adão e Eva), se inclinando à desobediência, que é o caminho de morte. Mas o Caminho da vida eterna foi revelado a nós, Yeshua o Mashiah. Pois Ele mesmo se revela ao mundo dizendo: “Eu Sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer” (Jo 11,25). Isto quer dizer, que quem pertence a Ele, que é fiel a Ele, tem a vida garantida e ressuscitará para viver com Ele. Ele diz mais: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Enfim, todos os caminhos podem até levar o ser humano a Deus, pois todos irão comparecer diante dEle no Juízo Final; mas apenas por Um Caminho, Yeshua, cada alma pode ser perdoada de seus pecados e ser salva da condenação eterna, e viver eternamente na presença do Eterno Elohim, nosso Deus Criador (Gn 1,1-31; Ap 22,12-15). Halleluyah! Amen.
Obs: O texto trata-se de um tema extremamente amplo. Aqui está apenas um breve resumo para refletirmos um pouco. #vida #morte
A Paz de Yeshua o Salvador bendito, seja com a tua alma!
Pr. Admilson Araujo Leite - e-mail: pr.admilsonleite@gmail.com.
Fonte:
BÍBLIA SAGRADA: Nova Versão Transformadora (NVT) – Ed. Mundo Cristão, 2016.
KOVÁCS, M. Julia. Educação Para a Morte. Universidade de São Paulo (USP, 2003.
